25 outubro 2022
Joalharia do Carmo aposta exclusivamente na Filigrana Certificada, dando palco aos artesãos
Não é meramente Filigrana. É Filigrana de Portugal e é certificada. Prestes a completar 100 anos, uma das mais antigas joalharias de Lisboa desafia o princípio do modelo económico convencional do setor, virando-o do avesso.
Fundada em 1924 na Rua do Carmo, a Joalharia do Carmo é uma Loja com História, assim classificada pela Câmara Municipal de Lisboa por preservar intacta a sua identidade original, mantendo-se uma fiel guardiã da arte da joalharia e da ourivesaria portuguesa. A fachada, da autoria do arquiteto Norte Júnior, inspirou o conceito do espaço. Um faustoso coração dourado e coroado – traço característico do espírito da época em que foi construído – marca a relação com a Filigrana.
A localização privilegiada no Chiado coloca a Joalharia do Carmo no centro da capital e do movimento pedonal da cidade, da mesma forma que o seu passado carregado de história e vinculado à Filigrana a coloca no epicentro da joalharia e da ourivesaria nacionais. Seria de esperar que manter a porta aberta fosse motivo mais do que suficiente para que o negócio fluísse com sucesso. E fluía.
Mas faltava dar verdadeiro sentido à arte e à história da Filigrana de Portugal e dos filigraneiros. Faltava dar palco aos artesãos que acreditam e que persistem, ainda hoje, na Filigrana feita à mão com técnicas e utensílios ancestrais, ainda que o reconhecimento lhes faltasse e que, como tal, fossem cada vez mais raros os que se dedicam a esta arte. Até agora.
No ano que antecede o seu 100º aniversário, a Joalharia do Carmo renunciou à venda de qualquer peça que não seja Filigrana Certificada, concentrando 100% da sua oferta em peças que exibem uma punção e uma etiqueta de certificação a comprovar a sua singularidade, tornando-as mais facilmente reconhecidas e identificadas como autênticas. Quem ousaria fazê-lo, eliminando os benefícios de um negócio multissetorial?
Um protocolo que firma um modelo de economia social, com foco nos artesãos
O norte do país narra a história da Filigrana em Portugal. É ali que a arte ganha forma em prata e em ouro português de 19,2 quilates, um dos mais puros e procurados do mundo.
Com um protocolo de cooperação para a promoção e divulgação da certificação da Filigrana de Portugal assinado na Joalharia do Carmo, em Lisboa, o Grupo O Valor do Tempo (que detém a Joalharia do Carmo), os Municípios de Gondomar e Póvoa de Lanhoso e a A.Certifica (organismo de certificação), firmam uma parceria num evento que conta também com a presença dos artesãos, enchedereiras e ourives. São eles os convidados de honra e é sobre eles que a Joalharia do Carmo direciona os holofotes, ao testemunharem a assinatura do protocolo que os coloca em destaque num espaço que lhes passa a ser, e à sua arte, exclusivamente dedicado.
Para Luís Monteiro, artesão da Oficina do Ouro, “A produção de peças de Filigrana Certificada tem vindo a ganhar mais reconhecimento por força da sua qualidade e, acima de tudo, do empenho do Grupo do Valor do Tempo na sua representação na Joalharia do Carmo. Considero que o fabrico de peças certificadas e o seu conhecimento devem continuar a crescer, fazendo, por isso, todo o sentido a integração desta arte tão bela no coração de Portugal. É um tipo de produção que exige um olhar minucioso e um tanto perfecionista, que exige um olhar curioso e sobretudo é uma arte que faz apaixonar quem observa ao pormenor todo o processo de execução e detalhes. Portanto, não fará sentido deixar de proporcionar a todos, portugueses e estrangeiros, a oportunidade de evidenciar a beleza da Filigrana de Portugal Certificada”.
Este é o modelo de economia social em que o Grupo O Valor do Tempo aposta e acredita, que prova ser economicamente viável e que defende os que estão na origem da cadeia de valor. Já o fez com o Figurado de Barcelos e com os produtos endógenos da fileira da ovelha Bordaleira da Serra da Estrela. Chegou agora à Filigrana de Portugal.
O que pode ser mais raro e belo que uma joia única?
Equilíbrio perfeito entre tradição e inovação, história e modernidade, esta aposta em peças únicas atesta que uma joia esconde prazeres reservados apenas a quem a possui; a certificação é garantia de autenticidade para quem compra.
Para Bárbara Sousa, que gere o projeto, “Cada joia encerra em si uma história, uma memória perpetuada na eternidade. E se por muito tempo o seu valor estava intrinsecamente ligado ao custo físico, hoje o valor reside na história, nos bastidores. A Filigrana é uma arte geracional, que ao saber-fazer dos artesãos acrescenta design e inovação. Preservando a tradição, a Joalharia do Carmo compromete-se a manter o legado desta arte tão portuguesa, garantindo a comercialização em exclusivo de peças certificadas.”
Com design tradicional ou contemporâneo na Filigrana que se engrandece com safiras ou diamantes, a Joalharia do Carmo é hoje a montra da verdadeira Filigrana de Portugal Certificada. Uma das mais fiéis representações da cultura popular portuguesa é agora apresentada ao mundo como símbolo maior e distintivo da joalharia nacional, no único espaço do país que comercializa, em absoluto exclusivo, peças certificadas.