objetos com história
- arquitetura e decoração -

Caixa de Música Paillard Vaucher Fils

Casa Pereira da Conceição, Lisboa

As caixas de música que durante boa parte do reinado da Rainha Vitória de Inglaterra foram a única forma de música que a monarca podia apreciar na solidão, tinham para ela um calor de alma inesperado. Ofereciam-lhe uma bolha de tranquilidade em dias de alvoroço, entre um chá das cinco e um scone, numa época vincada pela revolução industrial que haveria de marcar a ferros a prosperidade da era Vitoriana.

Não tinha trono, mas Charles Paillard reinou supremo em Sainte-Croix, na Suíça, durante quase um século, coincidindo parcialmente no tempo com a Rainha Vitória de Inglaterra. Empregava um grande número de pessoas na empresa mais importante da região e entre 1875 e 1905 foi o fabricante de caixas de música mais relevante do país, ainda hoje reconhecido no mundo não apenas pela caixa mágica que produzia som e que o mundo haveria de se lembrar para sempre como a “Caixa de Música Vitoriana”, mas também pelos gramofones em 1898 e pelas câmaras de cinema, já em 1930.

A caixa de música Paillard Vaucher Fils da Casa Pereira da Conceição data do final do séc. XIX e emite som – sim, emite, no presente do indicativo, pois continua a tocar – por meio da vibração de pequenas palhetas, suscitada pela acção dos pinos do cilindro rotativo. Com três sinos polidos protegidos por uma fina porta de vidro, o interior da tampa revela uma delicada ilustração em papel com a lista das 8 árias tocadas na caixa, fiéis às partituras originais. Da caixa folheada a ébano e enriquecida com artísticos embutidos de motivos florais e instrumentos musicais, nasce uma música perfeita para um ritual de fim de tarde com um aromático chá de morangos com champanhe, inesperadamente delicioso, como Vitória certamente teria apreciado.