objetos com história
- arquitetura e decoração -

Caixas de correio individual CTT

Biblioteca Grupo O Valor do Tempo

Por carta régia datada de 6 de Novembro de 1520, ordenava o Rei D. Manuel: “que havendo nós respeito aos serviços que temos recebido (…) de Luís Homem, Cavaleiro de nossa Casa e por ser pessoa que no ofício de correio mor de nossos Reinos nos saberá bem servir e assim a todos mercadores e pessoas que quiserem enviar cartas de umas partes para outras, com todo o recado, fieldade e segredo (…)”. Luís Homem servira como mensageiro da Casa Real na Europa e em plena época dos Descobrimentos um serviço de correio organizado e célere era uma necessidade urgente do reino. Estava assim decretado e criado o primeiro serviço de correio público de Portugal, de que Luís Homem foi o primeiro “Correio-mor”.

Apesar do seu caráter público, para além do Rei o serviço apenas era utilizado pela nobreza, em envios de correspondência a pé ou a cavalo, e só quando solicitado. Foi em 1789 que, já pela mão da Rainha D. Maria I, se publicou a “Instrução para o estabelecimento das diligências entre Lisboa e Coimbra”, dando origem à primeira carreira regular de carruagens de correspondência, que operava às segundas, quartas e sextas-feiras, tendo-se mais tarde alargado os serviços ao Porto e depois a outros distritos do país. Nessa época, e durante muitos anos, os destinatários das cartas eram divulgados numa lista afixada publicamente, que os interessados deveriam consultar.

A evolução dos correios estava naturalmente dependente do desenvolvimento das vias de comunicação e meios de transporte e foi Fontes Pereira de Melo (1819-1887), ministro das Obras Públicas no reinado de D. Maria II, quem mandou construir linhas de caminhos-de-ferro e estradas que possibilitaram o envio diário de correio para as capitais de distrito. A criação da “Caixa Rural” em 1893 permitiu finalmente que a correspondência chegasse a todo o país, tendo o serviço de recetáculos domiciliários sido criado em 1924. Datado do período entre 1924 e 1937, este conjunto de seis caixas de correio, cada uma com a sua esfera armilar, alegrava a entrada de um prédio de Lisboa. Feito em ferro fundido, ostenta uma decoração elegante e que nos remete para os Descobrimentos Portugueses, em que tão bem soubemos aplicar aquele instrumento de astronomia à ciência náutica, marcando um período da nossa História de eterna inspiração.