objetos com história
- arquitetura e decoração -
Caixas Registadoras
Comur, Rua da Prata, Lisboa
Comur, Faro
Comur Ponta Delgada, Açores
Casa Pereira da Conceição, Lisboa
Silva & Feijóo, Lisboa
Quão nostálgico é recordar as antigas mercearias, onde os frascos de vidro guardavam desejos secretos de biscoitos caseiros de manteiga, os cereais eram vendidos a granel e a vitrine principal apresentava a charcutaria, a manteiga e os queijos regionais a peso? Na lateral do balcão impunha-se a faca fixa para o corte do bacalhau, embrulhado em papel pardo fechado com fio de sisal e, no final, o “plim” das imponentes máquinas registadoras, que dominavam o balcão, abria a gaveta do dinheiro depois de rodada a manivela. Com a fineza característica da época, a máquina anunciava que “o freguez verá no mostrador a importância da sua compra”, numa placa em bronze, devidamente ornamentada como o assunto assim o exigia. Nas nossas lojas, os objetos transportam-nos ao passado quase sozinhos, mesmo em sons que já não ouvimos, mas que sabemos de cor.
A NCR – National Cash Register Company foi fundada por John Henry Patterson em 1884 em Dayton, Ohio, EUA, para produzir caixas registadoras mecânicas cujo objetivo principal não era o de terminar os cálculos com maior facilidade, mas o de impedir que funcionários desonestos tirassem dinheiro da caixa. O “plim” que hoje nos povoa a memória servia justamente para avisar o proprietário de que uma venda tinha sido registada. Por ser uma novidade e para convencer os comerciantes a comprarem as máquinas, Patterson tornou-as visivelmente atraentes, apostando em ornamentos de metais e madeiras nobres e em folheados ricamente trabalhados.
Compradas em ocasiões diferentes, as máquinas registadoras em bronze com gavetas em madeira de carvalho que decoram algumas das nossas lojas, todas datadas do início do séc. XX, são pedaços únicos da História. Provêm do mesmo fabricante, a National Cash Register Company, mas cada uma tem um percurso diferente, usadas em charcutarias, mercearias, retrosarias e outras lojas de comércio tradicional, cujas histórias os fregueses, as teclas e as manivelas infinitas vezes testemunharam ao som do inconfundível “plim”.