objetos com história
- arquitetura e decoração -

Foco de iluminação de teatro e cinema
Comur, Faro
Em 1935, o regime Salazarista criou o Secretariado de Propaganda Nacional (SPN) para lhe dar voz pública em jeito de propaganda política e o cinema ganhou uma nova expressão cómica, absorvendo estrelas do teatro de revista que haveriam de reinar na tela para todo o sempre: Beatriz Costa, António Silva, Ribeirinho, Milú, Maria Matos e Vasco Santana.
Leitão de Barros produziu o primeiro filme sonoro da História do país, A Severa, antecipando, sem bases teóricas, um movimento cinematográfico em Portugal. Na realização, outros nomes também marcaram a produção cinematográfica nos anos 30: Manoel de Oliveira, António Lopes Ribeiro, Jorge Brum do Canto e Chianca de Garcia, mas foi nos anos 40 que o cinema português conheceu os seus anos dourados. A Segunda Guerra Mundial afetou a indústria cinematográfica na Europa, deixando que poucos filmes chegassem a Portugal, o que configurou uma oportunidade para que o cinema português florescesse. No auge da mestria do humor a misturar-se com a habilidade da representação, a produção nacional fez nascer verdadeiros sucessos de bilheteira: O Pai Tirano em 1941, O Pátio das Cantigas e Aniki-Bóbó em 1942, O Costa do Castelo em 1943 e A Menina da Rádio em 1944. A década de cinquenta, contudo, anunciou a rutura do cinema de comédia. O neorrealismo de carácter ideológico marcadamente marxista do cinema europeu de então também chegou ao nosso país e impôs-se em filmes como Saltimbancos em 1951 e Nazaré em 1952. A Radiotelevisão Portuguesa – RTP, cujas emissões regulares foram iniciadas em Março de 1957, teve um papel relevante na divulgação dos clássicos do cinema português, levando a 7ª arte a um público bem mais vasto do que antes era possível.
O foco de iluminação com corpo em chapa metálica e tripé em madeira que aqui destacamos, data da década de 1950 e carrega o peso do cinema ou do teatro português – não sabemos, determinando a qualidade da luz, matéria-prima essencial para uma boa produção. Fosse a iluminar as personagens em ação ou os ambientes criados pela cenografia, terá certamente presenciado muitas cenas sob o comando das três pancadas de Molière ou do bater vigoroso, seco e estrepitoso da claquete.