objetos com história
- arquitetura e decoração -
Hélice
Comur, Rua da Prata, Lisboa
Para explorar o serviço de ligações marítimas entre Portugal e as suas colónias em África foi constituída, a 3 de julho de 1922, em Angola, a Companhia Colonial de Navegação (CCN), um organismo português que mais tarde viria a alargar às carreiras que já fazia para África, as rotas transatlânticas para o Brasil e os Estados Unidos.
Os paquetes protagonizaram o último ciclo da expansão ultramarina portuguesa, acelerado à medida da evolução dos transportes, vendo o avião tomar progressivamente o seu lugar à medida que as viagens aéreas ficavam acessíveis a cada vez mais pessoas. Ao longo da sua história, de 1922 a 1974, a CCN possuiu 47 navios, dos quais 2 foram afundados por torpedeamento durante a Segunda Guerra Mundial e 3 chegaram a ser os maiores paquetes do seu tempo. Tendo perdido importância como navios de carreira, foram convertidos em paquetes de cruzeiros e viagens turísticas.
Produzida em bronze, a hélice de 4 pás que assume o protagonismo na Comur da Rua da Prata fazia parte de um paquete português da Companhia Colonial de Navegação que foi desmantelado. Nunca chegou a ser usada por ser uma peça suplente, mas fez todas as viagens do paquete, pois era imperioso assegurar a substituição da hélice principal caso esta fosse danificada em viagem. Dadas as suas grandes dimensões e mais de meia tonelada de peso, para instalar este pedaço da História na Comur foi necessário reforçar o teto com barras de aço, dando-lhe a visibilidade merecida e devolvendo-lhe a dignidade de todos os dias olhar o Tejo, saudosa, das muitas viagens que fez.