objetos com história
- arquitetura e decoração -

Máquina de Café

Silva & Feijóo, Lisboa

Kaffa, na Etiópia, é a origem do café. Diz a lenda que no séc. V a.C. um pastor de cabras percebeu que os animais agiam de forma estranha depois de comerem os grãos de uma planta silvestre; ficavam mais enérgicos e conseguiam percorrer distâncias mais longas. Curioso, o pastor quis provar os grãos, mas o seu gosto amargo fê-lo cuspi-los para a fogueira que ateara. O aroma emanado pelos grãos torrados no fogo acabou por se revelar uma agradável surpresa e o pastor colocou-os em água quente, criando uma bebida estimulante.

O café disseminou-se pelo mundo, mas foi graças ao desenvolvimento do comércio proporcionado pelos Descobrimentos Portugueses, no séc. XVI, que mais floresceu. Em 1802 surgiria a primeira máquina de café, inventada pelo farmacêutico francês François Antoine Henri Descroizilles (1751-1825), que uniu dois recipientes metálicos que se comunicavam entre si através de um coador. Quando a água fervia, o vapor libertado subia para o recipiente superior, passando pelo café moído e extraindo a sua essência, aroma e sabor.

Os portugueses adotaram o hábito de tomar um café n’A Brasileira do Chiado, em Lisboa. O seu fundador, Adriano Telles, um ex-emigrante português no Brasil que ali casara com a filha de um produtor de café de Minas Gerais, regressou a Portugal e iniciou a venda desta bebida até então desconhecida e pouco apreciada pelo gosto amargo que a caracterizava, mas que haveria de criar nos portugueses o hábito hoje enraizado de beber uma “bica”, expressão que também ali nasceu. Por essa altura, em 1905, o café era passado por um filtro numa máquina e vertido depois para cafeteiras utilizadas para o servir à mesa. Esta máquina, produzida pela Latoaria Leal, em Lisboa, data da primeira metade do séc. XX e é o reflexo das máquinas de café de então: uma peça em cobre com 3 torneiras com manípulos em madeira, assente em 4 pés com decoração vegetalista, que não dispensava a beleza estética da latoaria artesanal que haveria de fazer justiça à bebida aprazível com que Adriano Telles brindava os clientes.