objetos com história
- arquitetura e decoração -
Piaggio Ape 50
Museu da Cerveja, Lisboa
A par de muitas outras consequências danosas, a Segunda Guerra Mundial exauriu os recursos dos países da Europa, esvaziando os bolsos das famílias um pouco por todo o continente. O transporte pessoal motorizado era um luxo acessível a poucos e Enrico Piaggio viu nisso uma oportunidade, focando os objetivos da empresa que herdara do pai nas necessidades de mobilidade do povo italiano: ambicionava criar um veículo simples, resistente e económico que fosse simultaneamente confortável e elegante.
Assim, em 1947, o projetista aeronáutico italiano Corradino D’Ascanio, que criara no ano anterior a mítica Vespa para a empresa de Enrico Piaggio, concebeu um veículo comercial monolugar, uma adaptação da Vespa, leve e simples, com três rodas e uma caixa aberta utilitária assente sobre o eixo traseiro. Inicialmente comercializado como VespaCar ou TriVespa, a Piaggio acabou por adotar o nome Ape – o termo italiano para abelha. Em 1964, o modelo recebeu uma cabine de duas portas, para proteção e conforto do motorista – o volante seria uma inovação posterior, tendo-se tornado popular na distribuição de correio e bens de consumo em vários países da Europa.
O seu tamanho compacto permitia que circulasse por ruas estreitas, estacionasse com facilidade e servisse como banca de mercado improvisada. O “Ape 50”, modelo em exposição no Museu da Cerveja, fabricado em 1994 e completamente restaurado, podia transportar até 205 kg de carga. Pelas suas características, foi sobejamente usado na distribuição de cerveja quando se massificou a sua produção e consumo, elevando-a ao estatuto que tem hoje, como a bebida alcoólica mais consumida em todo o mundo.