objetos com história
- arquitetura e decoração -
Registos de São Roque
Museu do Pão, Seia
São muitos os santos padroeiros dos padeiros, um pouco por todo o mundo. Santo António fez o milagre da multiplicação dos pães para dar aos pobres; São Clemente, que tendo sido padeiro na juventude, aprendeu a valorizar ricos e pobres; Santa Isabel da Hungria, lembrada por ter distribuído pão aos pobres todos os dias; sua sobrinha Santa Isabel, Rainha de Portugal, pelo milagre das rosas e por ter empenhado a sua fortuna para mandar vir barcos carregados de cereais para poder continuar a dar pão aos pobres; São Honorato, associado ao pão há mais de mil anos e São Roque de Montpellier, milagrosamente alimentado por um cão que retirava todos os dias um pão da mesa do dono, Gotardo, para lho levar, enquanto esteve enfermo.
A tradição católica dita que os momentos especiais da vida cristã como o Batismo, a Profissão de Fé ou a Primeira Comunhão, sejam assinalados com uma pagela – uma estampa impressa com a imagem de um santo protetor e uma oração, que se torna um registo da festividade e uma memória. Esses “registos” são colocados numa caixa-moldura cuidadosamente decorada de forma mais ou menos elaborada e com aplicações preciosas como se de um altar se tratasse.
Os dois registos de S. Roque em exposição no Museu do Pão são prova dessa manifestação da fé e devoção dos padeiros. Datam do séc. XIX e neles se destacam os tecidos adamascados, as rendas e os galões de passamanarias madrilenas com fita de seda bordada. Na moldura em papel austríaco evidenciam-se flores de lantejoulas e pérolas, laços de seda, tecido brocado, missangas italianas e galões em papel. E mais flores, para agigantar o simbolismo do registo, delicadamente feitas em papel e em escama de peixe do mar dos Açores, a prestar tributo ao santo padroeiro, com honras de pão que lhe adotou o nome.