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- arquitetura e decoração -

Relógio de caixa alta George III

Biblioteca Grupo O Valor do Tempo

Do latim horologium, que significa “quadrante solar que marca o tempo”, o relógio de sol foi o primeiro instrumento que dividiu o dia em pequenas partes, supondo-se que tenha sido criado pelos egípcios por volta de 1500 a.C.. Pela necessidade de medir períodos de tempo mais curtos que os definidos pela natureza, como as estações do ano, o dia e a noite, o relógio de sol tinha a capacidade de dividir o intervalo entre o nascer e o pôr do sol em 12 partes iguais. Estava inventado o princípio de medição do tempo, que as gerações seguintes haveriam de aprimorar.

Quando Galileo Galilei (1564-1642) descobriu e demonstrou matematicamente que as oscilações dum pêndulo eram isócronas, nos finais de Quinhentos, logo percebeu como seria importante associá-lo aos relógios para aumentar a sua precisão, e tentou-o com a ajuda do filho Vincenzo, mas sem êxito. Tal feito técnico só viria a acontecer em 1656, em Haia, quando Christiaan Huygens (1629-1695), notável matemático, astrónomo e físico holandês, em associação com o relojoeiro Salomon Coster (1620-1659), concretizou o primeiro relógio regulado por um pêndulo, conseguindo uma precisão até então impensável. Por volta de 1660 surgem em Inglaterra os primeiros relógios de caixa alta, incorporando não só o pêndulo, mas toda uma série de inovações técnicas e estéticas que deram à relojoaria inglesa uma tal vantagem que lhe permitiu a primazia durante mais de um século, exportando os seus magníficos e elegantes relógios de caixa alta para toda a Europa.

Este relógio inglês em mogno, inspirado nos relógios ingleses de caixa alta da segunda metade do séc. XVIII, ao estilo Jorge III, data dos anos 60 do séc. XX e segue a tradição setecentista da autonomia semanal, de tocar nas horas e nos quartos – tem mesmo duas opções musicais, Westminter e Avé-Maria, que toca em bordões de som agradável, e tanto a caixa como o mostrador são decorados mimetizando o requinte e distinção que eram apanágio da idade de ouro da relojoaria inglesa. O relógio de pêndulo clássico da era georgiana resistiu ao teste do tempo por ser, ele próprio, uma galeria de arte e um guardião do tempo. E é o tempo, justamente, que lhe eleva o estatuto.