objetos com história
- arquitetura e decoração -
Ruínas romanas
Comur Évora
A planície ensolarada a perder de vista, ocasionalmente pintada de sobreiros, azinheiras, oliveiras ou montes hospitaleiros, leva-nos até Évora, no coração do Alentejo. A cidade, classificada como Património da Humanidade pela UNESCO em 1986 devido ao seu valor excecional, assenta numa lenda popularizada por André de Resende (1500-1573), frade e intelectual eborense, segundo a qual a cidade teria sido sede das tropas do general romano Sertório, aliado dos lusitanos quando enfrentou o poder de Roma. Do que se tem a certeza é da elevação de Évora à categoria de município sob o nome de Ebora Liberalitas Julia, título honorífico concedido por Júlio César.
Os romanos foram responsáveis por uma grande reforma administrativa da cidade, beneficiando-a com uma série de transformações arquitetónicas, das quais o Templo Romano, por muitos conhecido como Templo de Diana, construído no séc. I d.C, é o vestígio mais importante. Localizava-se no antigo fórum, a principal praça pública de Évora e a sua preservação deve-se ao facto de ter sido convertido, já na época medieval, em açougue.
Na Praça do Giraldo, construída em 1571-73 em homenagem ao Sem Pavor, Geraldo Geraldes, que conquistou Évora aos mouros em 1167, existiu, até 1570, um arco triunfal romano adornado com estátuas, entretanto destruído. São as ruínas desse arco que se acredita que o tempo heroicamente preservou, que estão em evidência sob o chão de vidro da Comur, transparência propositada para que a História não só não se perca, mas para que seja partilhada. Na sua malha medieval, a cidade foi-se moldando e ainda hoje recupera memórias das suas antigas implantações romanas e árabes, seja em ruínas, muralhas, mosteiros, conventos, igrejas ou paços, porque a sul, em História ou planície, tudo é imensidão.