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Jornais A Capital, 29 de Abril de 1974; República, 25 de Abril de 1974; Diário Popular, 25 de Abril de 1974, Diário Popular, 25 de Abril de 1974 (2ª edição)

Biblioteca do Grupo O Valor do Tempo

Implantada em 5 de Outubro de 1910, pondo fim à Monarquia constitucional, a primeira República foi por sua vez derrubada pelo golpe de Estado de 28 de maio de 1926, o qual instaurou uma Ditadura Militar, sendo o general Óscar Carmona nomeado presidente da República por decreto. A entrada em vigor da Constituição portuguesa em 1933 viria a institucionalizar o Estado Novo, de que António de Oliveira Salazar (1889-1970), que tinha sido ministro das finanças no governo anterior, passaria a ser figura central. Inspirada no modelo fascista, a autocrática política salazarista reprimiu fortemente a liberdade de expressão e o direito à greve, censurando e sancionando severamente os que se opunham ao regime. O poder do Presidente da República passou a ser figurativo e a autoridade era exercida em absoluto pelo Presidente do Conselho de Ministros, Salazar.

Na madrugada de 25 de Abril de 1974, militares do Movimento das Forças Armadas ocuparam os estúdios do Rádio Clube Português e ao microfone manifestaram, perante todo o país, a revolução que levavam a cabo rumo a uma tão desejada nação democrática, com eleições e liberdade. Nesse momento, uma coluna militar comandada por Salgueiro Maia saía de Santarém em direção a Lisboa tomando posição junto aos ministérios e cercando o quartel da GNR do Carmo, onde se refugiara Marcelo Caetano, o sucessor de Salazar entre 1968 e 1974, que acabaria por se render. Terminava assim a ditadura em Portugal após um longo período repressivo de 41 anos e um novo país democrático abria-se finalmente ao mundo.

Em tiragens que não davam descanso às máquinas, os jornais de então foram efusivos nas notícias que o povo ansiava ler. As parangonas que enchiam as primeiras páginas e que se desdobravam nas seguintes, noticiavam em edições bi-diárias a cronologia do movimento em relatos ávidos que expunham um duelo interior de quem sentia o dever de um jornalismo objetivo e que simultaneamente se debatia com a liberdade sentida nas veias. Nalguns casos destacavam a vermelho “este jornal não foi visado por qualquer comissão de censura” como bandeira hasteada contra o que tinha sido regra até então. Exemplares dos jornais desses dias são hoje mais do que documentos antigos; são marcos da nossa História, que assinalam uma reviravolta fulcral e um valor que jamais poderemos imaginar: 25 de Abril de 1974. Recuaremos no tempo enquanto as memórias e a História nos permitirem: sempre.