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Revistas Conservas de Peixe
Comur Misericórdia, Lisboa
No início do século XIX, o francês Nicholas Appert inventou o princípio da conservação de alimentos pelo calor em recipientes de vidro hermeticamente fechados, permitindo uma durabilidade nunca antes conseguida. Peter Durand, de origem inglesa, desenvolveu esta ideia, patenteando um invólucro metálico que garantisse e prolongasse ainda mais a durabilidade das conservas. Nascia assim a indústria conserveira no mundo.
A abundância de peixe e toda a extensão da costa litoral portuguesa, com um longo historial de artes de pesca, reuniam as condições ideais para que a indústria se instalasse em Portugal. E foi assim que as primeiras fábricas de conservas de peixe surgiram no país em meados do séc. XIX; em 1884 há registo da existência de 18 fábricas de conservas, que passaram a 66 em 1886 e a 116 em 1912. No início do séc. XX, com a Primeira Guerra Mundial, a indústria conserveira portuguesa floresceu e multiplicou-se em fábricas que garantiam o alimento das tropas dos dois lados do conflito. Em 1925 eram já 400 as fábricas de conservas em Portugal, num percurso que prosperou durante as duas guerras mundiais (chegando a ser a maior produtora a nível mundial).
As revistas “Conservas de Peixe” que revestem as paredes da Comur da Rua da Misericórdia foram publicadas mensalmente de 1946 a 1972, num total de 321 números, e os seus anúncios publicitários e artigos denunciam bem os tempos áureos que se viviam no setor. Esta publicação da indústria e comércio das conservas de peixe era propriedade da Sociedade da Revista Conservas de Peixe com sede em Lisboa e contou, durante 26 anos, com a direção de António de Oliveira Torres Botelho.