objetos com história
- escultura e mobiliário -

Caixa de Música mecânica

Casa Portuguesa do Pastel de Bacalhau, Elevador de Santa Justa, Lisboa

“Bem-vindo à terra dos sonhos mecânicos”. É com estas palavras inscritas num painel que Sainte-Croix, na Suíça, saúda os seus visitantes. Entramos no berço das caixas de música pela mão de Antoine Favre-Salomon (1734-1820), um relojoeiro suíço que em 1796 inventou um relógio de bolso com um mecanismo musical embutido, que mais tarde viria a ser reconhecido como a primeira caixa de música.

Das muitas caixas de música que desde então foram criadas, a primeira em forma de instrumento musical mecânico foi a caixa de cilindro de madeira ou metal, cujo mecanismo interior incluía um cilindro giratório com centenas de minúsculos pinos salientes, engenhosamente posicionados para fazer vibrar as palhetas metálicas adequadas à emissão das notas musicais na sequência e cadência desejadas. A composição musical era repetida em cada volta do cilindro. Esta caixa de música mecânica de cilindro de madeira, designada de Orchestrion por ter sido projetada para soar como uma orquestra, foi fabricada na Alemanha em 1900 e funcionava com a descida de um peso que lhe estava acoplado e que a manivela fazia subir. O seu sistema de moedeiro indica que a peça se destinava a espaços públicos para o entretenimento de passageiros em estações ferroviárias e durante muitos anos deu música a quem dela fazia gala e regozijo. Hoje encanta quem se delicia com uma vista única sobre Lisboa, na Casa Portuguesa do Pastel de Bacalhau no topo do Elevador de Santa Justa.

Uma caixa de música é sempre uma viagem nostálgica ao que está para trás, com décadas de invenções e emoções. Tantos anos depois, continua a haver qualquer coisa de mágico na delicadeza desta peça encantadora, que criou os primeiros passos de uma comodidade que hoje damos por garantida: a de desfrutar de uma música num processo invisível aos olhos, mas sublimemente audível pelos ouvidos e pelas memórias.