objetos com história
- escultura e mobiliário -

Espelhos

Confeitaria Peixinho, Aveiro
Comur, Casa Oriental, Porto

Aludindo ao sol e à luz divina, o ouro é um metal precioso que tem sido sobejamente usado ao longo da História, e que os arqueólogos sugerem ter raízes nas primeiras civilizações no Oriente Médio, tendo o mais antigo artefacto em ouro sido encontrado na tumba da Rainha Egípcia Zer, de há 2600 anos a.C, onde os hieróglifos egípcios descrevem o metal.

Portugal assistiu ao esplendor do ouro durante o reinado de D. João V, a quem o cognome “O Magnânimo” fez total justiça. O ouro e os diamantes provenientes do Brasil tornaram Portugal o país mais rico da Europa na época e o estilo exuberante, rebuscado, espiralado e excessivo do barroco invadiu os espaços na sua complexidade e magnificência, numa verdadeira manifestação de luxo que haveria de ficar marcado na nossa arquitetura e decoração.

A talha dourada deriva justamente dessa linguagem artística grandiosa. Símbolo de riqueza e ostentação, esta técnica em que a madeira é esculpida e posteriormente revestida de folha de ouro tornou-se num dos principais cunhos do barroco do norte do país nos sécs. XVII e XVIII, especialmente no interior de igrejas em altares e retábulos. De estilo neoclássico, os espelhos em cristal biselado da Confeitaria Peixinho e da Casa Oriental datam dos anos 1940 e as suas molduras são em talha dourada, indo buscar inspiração às volutas do barroco. Faziam parte da decoração de salões nobres de duas casas particulares e hoje não refletem apenas as imagens que os defrontam, sejam Ovos Moles ou Conservas. Refletem também o brilho sedutor do ouro que as emoldura num ambiente cenográfico que engrandece a História destes dois tesouros portugueses.