objetos com história
- escultura e mobiliário -
Órgão de tubos do século XIX
Casa Portuguesa do Pastel de Bacalhau, Gaia
Um instrumento musical não faz sentido se a sua função principal não for resgatada: a música – o vínculo que une a vida do espírito à vida dos sentidos, como afirmava Ludwig van Beethoven. A música de um órgão histórico é talvez o mais fiel legado sonoro que nos foi deixado pelas gerações passadas; conhecido como o Rex Instrumentorum, ou o Rei dos instrumentos, o órgão de tubos servia como animação dos circos de gladiadores no Império Romano e compunha o efetivo instrumental que acompanhava as primeiras óperas cénicas no período do Renascimento.
Por isso, quando encontrámos o órgão histórico Joaquim José da Fonseca, construído em 1863 e que se encontrava num estado ruinoso ao fim de anos de abandono e negligência, trabalhámos para o trazer de novo à vida e restituir-lhe a majestade de outrora. O restauro, um meticuloso trabalho realizado pela empresa JMS Organaria, foi o ponto culminante do resgate e da dignificação do património cultural, resultando num bálsamo para os amantes da história e do património artístico, como nós. Todo o processo de restauro foi documentado em livro pela mão de Marco Brescia, mestre organeiro, pianista e cravista, num tributo à sua história.
O instrumento, de notável sonoridade sobretudo ao nível dos Cheios pelo facto de ter sido instalado num amplo espaço de degustação de um ícone da gastronomia portuguesa – o pastel de bacalhau, é hoje o único órgão histórico do país, e um dos raros em todo o mundo, em utilização permanente num estabelecimento comercial, a democratizar o acesso à cultura e à música organeira secular.