objetos com história
- escultura e mobiliário -

Porta do Rajastão, Índia

Biblioteca Grupo O Valor do Tempo, Lisboa

Os portugueses foram o primeiro povo europeu a instalar-se na Índia, a tão desejada porta para o Oriente, rumo à rota da seda e das especiarias. Após a chegada de Vasco da Gama a Calecute em 1498, foram criadas feitorias para estabelecer o domínio económico português e alguns territórios como Diu, em 1535 e Damão, em 1559 foram designados de Estado Português da Índia, e viriam a ser administrados por 109 vice-reis e 128 governadores ao longo da sua História. No séc. XVII, porém, Portugal cedeu aos ingleses a cidade de Bombaim, a mais importante e maior cidade da Índia, como parte do dote de casamento de Catarina de Bragança com Carlos II de Inglaterra, convertendo-a numa colónia inglesa. Em dezembro de 1961 a União Indiana acabaria por invadir o Estado Português da Índia, integrando Goa, Damão e Diu no seu território, o que Portugal viria a reconhecer.

A Índia foi sempre um território que exerceu um enorme fascínio sobre os ocidentais, pela sua identidade singular, cores, cheiros, religião, gastronomia e arte, com mulheres de Sári e marajás de turbantes coloridos e longos bigodes de pontas reviradas que habitavam palácios de luxo, hoje grande parte deles convertidos em hotéis. O Rajastão, no norte do território, é a face artística da Índia e uma galeria a céu aberto. O nome desta província advém das tribos Rajput que aí se fixaram e construíram edificações com um nível de detalhe arquitetónico e decorativo notável.

Esta requintada porta de herança do Rajastão do séc. XVIII mostra o trabalho tradicional de carpintaria secular da comunidade Suthar. Em madeira maciça esculpida à mão, a porta ostenta incrustações de espinhos em ferro destinados a impedir que os elefantes as abrissem durante as guerras. Tudo isso mudou quando os apartamentos e a arquitetura urbana entraram em cena. As portas não ficaram apenas mais leves; resumiram-se à sua dimensão funcional. Hoje, estas elaboradas portas não são mais do que vislumbres do passado lembrando-nos que há portas, e depois há portas que são extraordinárias obras de arte que devem ser mantidas vivas.