Esta pintura a óleo sobre tela, de cariz religioso, coloca em evidência o contraste da luz com a sombra, modelando os corpos e os espaços num ambiente dramático de intensa espiritualidade, que faz justiça à História. De autor desconhecido foi, a par de muitas outras obras por toda a Europa, inspirada na Pietá do pintor flamengo Rogier van der Weyden (1400-1464) e n’A Deposição de Cristo, da autoria do mais influente pintor do período barroco no campo pictórico, o italiano Michelangelo Merisi da Caravaggio (1571-1610).

Um exemplo de pintura e arte-sacra do séc. XVII, presente num espaço que é o expoente máximo da partilha de conhecimento: um museu. Ao acolher esta obra, o Museu do Pão comprova a ligação do pão à religião, sacralizado na Última Ceia (“Cenae”, do latim cena, -ae, jantar, é justamente o nome adotado pelo Museu do Pão para o seu espaço gastronómico) quando Cristo parte e divide o pão entre os apóstolos. É nesse momento que converte a sua essência material em espiritual, e o pão deixa de ser um alimento do corpo, vulgar e banal para passar a ser um alimento da alma, místico e sagrado.