objetos com história
- arquitetura e decoração -

Balanças Romão e Comp., Fábrica de Balanças
Casa Pereira da Conceição, Lisboa
Nos números 13 a 15 na Rua das Cruzes da Sé, na freguesia de Santa Maria Maior, em Lisboa, ergueu-se no início do séc. XX um imóvel que viria a acolher a oficina de ferraria e serralharia fundada muito antes, em 1778, por Romão António Fernandes para produzir balanças, embora a família já fabricasse balanças de braços em ferro forjado e cofres em Oleiros, na Beira Baixa.
Os azulejos de fachada, de 1918, evidenciam painéis figurativos alusivos ao ofício, e foram encimados pela inscrição “Romão & Companhia”, uma referência em instrumentos de pesagem “em competência com as melhores marcas estrangeiras” como se fazia anunciar a marca no Repórter X, o semanário de maior tiragem e expansão em Portugal na década de 1930. Do conjunto de fabricos da Romão e Comp., Fábrica de Balanças destacam-se uma balança de braços da Real Casa da Índia, construída em 1803 pelo filho de Romão, Matheus António, as grades e portões do adro da Sé de Lisboa, mais tarde retiradas para dar passagem aos elétricos, bem como o relógio da respetiva torre construído em 1824, também ele já desaparecido.
Em 1930 a Romão e Comp., Fábrica de Balanças passou a representar a marca alemã August Sauter AG Ebingen, que fabricava o modelo W, a primeira balança de equilíbrio automático de várias voltas que foi licenciada para produzir em Portugal, em 1940. Duas dessas balanças, fabricadas nessa década, estão em utilização permanente na Casa Pereira da Conceição onde o café é pesado com precisão perante o olhar de quem assiste, embevecido, aos fregueses de longa data que param à porta para um “bom dia, menina Carla!” sabendo que receberão de volta um caloroso “Bom dia, Sr. Emílio! Como vai essa saúde?”