objetos com história
- arquitetura e decoração -

Cofre Fábrica Nacional de Móveis de Ferro J. J. M. Godinho

Museu da Cerveja, Lisboa

Os primeiros cofres terão surgido no Antigo Egito, em forma de pirâmide e baú, uns em madeiras nobres e outros forjados em metal. Nesta breve passagem pela História, o mais antigo cofre de que há registo data de cerca de 700 anos a.C. e foi encontrado na cidade de Corinto, na Grécia. No Império Romano, apenas a nobreza necessitava de ter cofres, usando escravos a que chamavam arcarius (do latim, “tesoureiros”), que os vigiavam para garantir uma dupla segurança, e apenas no final do séc. XV, durante o Renascimento, o uso de cofres se generalizou, devido ao significativo aumento do número de pessoas que se dedicavam ao comércio e ao seu financiamento.

Mas seria no séc XIX, em 1829, pela mão do francês Alexandre Fichet (1799 – 1862) que o desenvolvimento de uma fechadura inviolável lhe abriu as portas para a Casa Real e viria a definir o cofre como o conhecemos hoje. Fichet aprimorou o modelo em 1844, criando um mecanismo de segurança que resistia à água, ao fogo e ao roubo, composto por uma caixa externa metálica inteiriça, com porta e fechadura reforçadas.

O cofre da Fábrica Nacional de Móveis de Ferro J. J. M. Godinho, uma fábrica que existiu em Lisboa na Rua Nova da Palma, data da primeira metade do séc. XIX e é um cofre de segredo, em ferro fundido, ao qual falta a moldura que remata o capitel do cofre, a cimalha. Na porta destaca-se a coroa de D. Maria II e o escudo português, na época usados para identificar os objetos pertencentes à monarquia. Hoje há cofres para as mais diversas finalidades, visando sempre a guarda de algo precioso. Não será exagero dizer que o “Cofre do Fim do Mundo”, como foi apelidado o Silo Internacional de Sementes de Svalbard – um arquipélago norueguês no Ártico cuja construção teve lugar no âmbito de um projeto financiado pela Fundação Bill & Melinda Gates em parceria com a ONU, é o expoente máximo do conceito de cofre, pois guarda e preserva em segurança máxima um tesouro de valor incalculável para o futuro da Humanidade: os milhões de sementes que representam a biodiversidade das espécies vegetais do mundo. Mas os cofres guardam também História. No Museu da Cerveja, em sete, três, zero, três, um clique abre a porta deste cofre revelando o percurso da cerveja, inventada há mais de 7000 anos, a provar que pode desafiar o tempo, inviolável.